segunda-feira, 27 de agosto de 2012

JORGE ELIAS NETO: SONETO

 
(W.J Solha)
 
 
 
Soneto para apaziguar borboletas
 
 
Para W. J Solha
 
 
A sombra é neutra, e desandado o escuro,
 
e, se não há certezas, há o adeus,
 
da emoção que dura ao saber-se nulo
 
o testemunho erguido de um deus.
 
 
E se silente a cama – à procura
 
da insignificância hirta e desperta –
 
oferecer leito e cocho à loucura,
 
dizer-se talvez louco, mas alerta.
 
 
O chão é leito tosco, mas correto
 
a todo ser avesso a esperança,
 
àquele que titubeia e tropeça,
 
 
na pedra desolada e, sim, temida
 
que rola o descaminho, sem inércia.
 
Salvam-lhe a vida as asas de poeta.
 
 
 
Vitória, 25 de agosto de 2012
 
 
 


sábado, 25 de agosto de 2012

W.J.SOLHA: CRÔNICA






VOCÊ PODE

W. J. Solha

 

Quando trabalhava na agência do Banco do Brasil em Pombal, vi um colega – Roberto Peixoto de Mello – hipnotizar um garoto, fazê-lo enrijecer-se em pé, depois incliná-lo, carregá-lo no que o horizontalizava, deitá-lo com os calcanhares apoiados no encosto de uma cadeira, a nuca no espaldar de outra, depois colocar-lhe um peso no estômago, sem que o menino mostrasse qualquer reação, petrificado.

Aquilo me mostrou o quanto a Humanidade ainda pode alcançar.

Quando, lá mesmo, em Pombal, trabalhávamos na pré-produção do filme O Salário da Morte, vi um de nossos atores – Balduíno Léllis – dar quatro ou cinco passos e, ao ouvir grito “Já!”, voltar-se rápido, acocorando-se, no que sacava o 38 e – como nos faroestes – disparar três vezes  quase que em uníssono, acertando cada exato ângulo de um pequeno triângulo que traçara a carvão na parede, no lugar do coração de um homem. Perguntei-lhe como fora possível, e ele me disse a mesma frase que eu ouviria anos depois no velho seriado do Kung-Fu, em que o mestre oriental diz ao discípulo que retesa o arco, de olho no alvo: “Não pense”. Ou seja: confie no Inconsciente. E Balduíno: “Se mirar, erra. Quer ver? Aponte o dedo, rápido, pro Linduarte e fique imóvel.” Fiz isso. “Agora, sem mover a mão,  olhe por cima do indicador, como se ele tivesse alça de mira.” Fiz isso. O rumo estava perfeito: a cabeça do diretor.

Quando lutava para escrever meu primeiro romance, duvidei de minha capacidade criativa e  tive, então, um sonho: caminhava, sabia que numa metrópole - embora não houvesse prédio algum nos quarteirões. Nas ruas, centenas de mulheres – só mulheres - indo e vindo para o trabalho, supermercados, lojas. Aí entendi que estava sonhando e me detive, sem que “o filme” parasse. “Meu deus, eu estou inventando todas elas!” E elas prosseguiram seu tráfego apressado sem dar por mim, cada uma com seu mundo interior. Marquei uma moça muito bem vestida que vinha na calçada, lá adiante, ensimesmada, uma das mãos no bolso da capa amarela e a vi aproximar-se, aproximar-se, passar por mim, com todos os seus fios de cabelos e seus poros, e se ir. “Somos... geniais!”

Transferi o sonho para o evangelista Lucas de meu terceiro romance – A Verdadeira Estória de Jesus (Ática, 1979). O primeiro, Israel Rêmora, que aquela noite destravara, ganhou o Prêmio Fernando Chinaglia em 74, o que implicou na publicação pela Récord, do Rio, no ano seguinte.

Shakespeare sabia das coisas. Hamlet diz, lá pelas tantas, mais ou menos isto:

- Há uma divindade (divinity) que dá forma a nossos projetos, por mais toscos que sejam.

 

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

OSCAR GAMA FILHO: POEMA


(William Blake)
 
 
 

Último Leve Poema de Amor de Sísifo
Oscar Gama Filho
Fala Sísifo:
  Que diria um amor tão secreto
que nem para si seu mistério revela?
Sendo, sente que não é de verdade
e crê nesta mentira que o invade.
 
Abandonai, portanto, as emoções últimas
e libertai-vos-me entre suas minhas últimas vítimas,
Libertando-me do campo de concentração sentimental
em que repeti eternamente as mesmas ações,
Eu, Sísifo, deixando de rolar morro acima a montanha do amor.
 
Nenhuma emoção me banha
e nenhuma é necessária
à minha pacífica calmaria
que não precisa da emoção alheia.
 
Eis hoje a ilha que me rodeia:
Calma mar areia.
 
 
 
 
 
Itaparica, 8/12/2011

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

OSCAR GAMA FILHO: POEMA


(Ismael Nery)



Carta ao Passado

Haverá flores ou não,
Assim como — fatigados ou não — os objetos passam;
Neutro passa o rio silenciosamente
e compõe um outro universo
triste e feliz:

Amiga, sente comigo e conversemos de mar a mar
sobre o mar à nossa frente,

Sente comigo, as mãos abraçando o ar,
Pois que abraçar as mãos é trocar aspirações
por nada.

Sente comigo e conversemos
— ou não —
Permanecendo como estátuas
até que venha chuva,
E a Terra, vendo que somos água
— ou adubo —
Sugue também os intermináveis corpos
e esconda de nós
os corações dentro de si.

Então estará completa
a natureza que nos completa,
E ambos inermes e unos
sob o solo nos confundiremos em longo abraço
corpo a corpo, como devem ser estes abraços ideais.

E que não haja preocupações em amar:
Abandonados de intenções,
Quando morto serei a noite
que nos esconderá
sob cobertor de terra,
Serei o sol
que virá acordar
da vida
os nossos corpos resumidos.

GIACOMO LEOPARDI: POEMA





CANTO XII - O INFINITO


Sempre caro me foi este ermo outeiro,

e aquela sebe, que em tão grande parte

do horizonte final o olhar exclui.

Mas sentado, a mirar intermináveis

espaços além desses, sobre-humanos

silêncios e sossegos profundíssimos,

me afundo no pensar, onde por pouco

meu coração não se amedronta. E, como

ouço o vento roçar contra estas plantas,

o silêncio infinito comparando

vou a tal voz: e sobrevêm-me o eterno,

as mortas estações, mais a presente

e viva, e o seu rumor. Assim, por esta

imensidade o meu pensar se afoga:

e o naufragar me é doce neste mar.

 (Tradução de Renato Suttana)


 
Sempre caro mi fu quest'ermo colle,

e questa siepe, che da tanta parte

dell'ultimo orizzonte il guardo esclude.

 Ma sedendo e mirando, interminati

spazi di là da quella, e sovrumani

silenzi, e profondissima quïete

io nel pensier mi fingo, ove per poco

il cor non si spaura. E come il vento

odo stormir tra queste piante, io quello

 infinito silenzio a questa voce

vo comparando: e mi sovvien l'eterno,

e le morte stagioni, e la presente

e viva, e il suon di lei. Così tra questa

immensità s'annega il pensier mio:

e il naufragar m'è dolce in questo mare»









domingo, 12 de agosto de 2012

OSCAR GAMA FILHO: POEMA


(Jusepe di Ribera)


ECCE HOMO
EIS O HOMEM

Nascido postumamente, vestido por muralhas
derrubadas por flores adubos de navalhas,
O crescedor de idos vê seu coração distante e tinto
e partido pelas setas dos longes findos.

Una após una, o jardim cresce, ruma e se completa,

E cada nova flor é uma nova flecha,
Aguda e afiada que, aérea, no céu desabrocha
em chuvas de pétalas de sangue, roxas rosas-rochas.

E monges antimuralhas aproveitam tréguas, claridades certas,
Para colher linhas do horizonte, que usam de flechas,
Desmontando a paisagem, tornando-a deserta.

E tanto deserto enfim contagia o que nasceu póstumo,
Que se vê nu e túmulo desuno sem húmus,
E, profecia vinda antes da língua,
Se contenta em morrer à míngua,
O corpo no passado ainda
e a alma só no futuro será compreendida
mas despida de matéria de onde venha a sua vinda.

OSCAR GAMA FILHO: POEMA


(W.J.Solha)



TEMPO DE MORTOS

Escute, Oscar, com calma me ouça.
Não se emocione sempre e tanto assim.
Este não é um tempo de poetas,
Este não é um tempo de rimas,
Este é um tempo de mortos:
Todos estão empenhados em matar os outros
e em matar a si mesmos,
O amor se tornou um tipo especial de bolsa de valores
a que apenas os ingênuos se dedicam,
Teóricos se empenham em provar que a arte está morta
e que todas as relações, possibilidades e esperanças morreram.

A você, que um dia se mata
mas em outro ressurge,
Cabe a tarefa necessária mas impossível
de ressuscitar os mortos.

Não se assuste com a responsabilidade.
Principalmente, não a leve tão a sério,
Ou correrá o risco de matar e de ser morto.

 Arme-se todo de doçura, de ingenuidade, de pureza
e de crença nos homens.

Olhe-os nos olhos, como você faz, e eles tremerão.
Verdade, aquilo que você oferece de melhor
e do modo mais amoroso
será alvo de deboche.
Seu nome será arrastado pelas bocas
e seu corpo será esticado nas masmorras
em tom de escárnio.

Palavras duras como pedras serão atiradas.
O alvo, você bem sabe, será sua cabeça
e, principalmente, sua alma
e este seu estranho sentimento do mundo.

Ofereça sua alma e sua emoção aos homens de pedra.
Não tente se desviar dos projéteis.
São mísseis infalíveis teleguiados
atraídos pelo calor da vida que destroem.
Messiânicos e dogmáticos, eles têm uma missão a cumprir.
A única coisa que poderá detê-los é seu sangue.
Com amor, ofereça-lhes o peito, dê-lhes de beber.
É justo: têm sede e são insaciáveis.
E você, Oscaro, é inesgotável.
Pelo menos até um dia se esgotar.
A música em verso do seu sangue
acalmará até mesmo os animais
e lhes restituirá a vitalidade perdida.

Sim, são mortos-vivos, mas o sangue dos poetas
é libertador, delicioso e ressuscita.

Sei, bem sei que seu sonho é não mais escrever,
É abandonar a pena dos outros
e, como os outros, morrer
para o que realmente se vive.

Por que você escreve tanto, então?

Calma, amigo insone, recupera a paz
e não deixa de fazer o que te faz.
Só assim, tranqüilo e sempre-vivo,
Um dia — profundamente — dormirás.

OSCAR GAMA FILHO: POEMA


(Jusepe di Ribera)


A Arte da Guerra
Carta-testamento para Renato Pacheco (1928-2004)

Preso em Trancoso blues,
Trancado, não pelo repouso contínuo no pus,
Mas sim pelo descanso eterno no supercílio:
         — No soco direto da aranha venenosa na trilha do rio
fui a nocaute por medo da cegueira de Borges e Homero.

Porém não quero ser cego assum negro Otelo
para assim cantar melhor o que quero:
         — Cantando a meio vapor pelo rio
já sou mais rápido do que a visão  fugidia que a mira
líquida da crítica divisa em meu exílio.

Morrendo de saudade por bolhas de varíola
trazidas pelas picadas da aranha em lugar de olhos,
Prefiro não ficar cego por enquanto
e por enquanto se torna bastando,
Bastante, o bastante.
Basta antes.

Ando tão ocupado vendo,
Que não tenho tido tempo para envelhecer.
Como você, Renato Pacheco,
Por isso não lhe escrevi antes.
Antes foi o bastante.

A arte da guerra
é a da espera.
Temos de sobreviver por eras
à espera que o inimigo pereça
pelo mal que reside em seu destino e que o envenena,
Não por nossas mãos, pois em peçonhência a ele nos igualaríamos.

Tal como a cura psicanalítica,
Garantida em um prazo de duzentos anos,
Temos de sobreviver a ele
lutando a “guerra sem travá” do Ticumbi,
Pois na “guerra travada” com as armas do mal ele seria vencido no segundo
tornando-nos os herdeiros reais do reino decaído,
Paraíso perdido contra o qual nos voltamos
em revolta que lançamos contra ele tudo em volta.
Tudo volta.
Tudo volta em outros
miltons, renatos, vicos:
         — Em nós, seus filhos, em eterno retorno do viço. 

Em você, Renato, renasço o re-nato renascido
por mandinga trazida do berço Pendragon
étimo, étnico, genético, agônico,
A eles sobrevivendo se transformando em sabedoria
que vai além da livraria
com que te sepultariam
— se você coubesse dentro de uma poesia —
e de que você se livraria
com seu sorriso largo sábio aberto
que, anterior ao pensamento, o entenderia.

Renato renascido pela Palavra
do belo não é  o que se mata,
É o que ressurge da assassina faca
da  fênix que vem refazê-lo menino
para que possa cumprir o seu destino:

         — Renascer por autoconcepção
do saber

em moto-perpétuo partenogênese.

A arte da guerra é a da espera.
Temos de saber sobreviver por eras.
Estar no inferno sem desesperar
é o mesmo que estar no céu em espera.
Sabê-lo, eis o segredo
para se manter atualizado no degredo
do lar perpétuo.

A arte da guerra é a da espera.
Você continua ganhando o jogo.
Espere e verá.

Por eras, seguindo seu exemplo, não terei tempo para envelhecer,
Por eras, a arte da guerra foi e era a espera.
E a esperança não se desespera.
Espera, neném — ah, veja, olhe lá!
Abre-se a esfera da Terra:
         — A arte da guerra é a da espera!

Não tenho tempo para envelhecer.
A arte da guerra é a da espera.

Espera em paz.

Florianópolis-Trancoso, 11 de janeiro de 2005.








sábado, 11 de agosto de 2012

ENTREVISTA COM A ROMANCISTA LEILA KRÜGER






1 – Quando se ocorreu seu contato inicial com a literatura e quais são suas influências literárias?



Sempre gostei de ler e escrever. E sempre escrevi, mas não pensava em ser escritora. Acho que a gente nasce escritor, com essa necessidade de traduzir o mundo em palavras. Antigamente escrevia em blogs e cartas, e coisas que hoje sei que eram poemas. A história de Reencontro eu pretendia escrever havia vários anos. Sobre minhas influências literárias, em primeiro lugar, como se vê em Reencontro, me inspira Clarice Lispector. Muitas de minhas inspirações estão em Reencontro: Mario Quintana, Cecília Meireles, Erico Veríssimo... Gosto de Oscar Wilde, um revolucionário, de Hermann Hesse, de Umberto Eco... Há romancistas e poetas que me inspiram, já que escrevo poemas e romances, além de contos. Mas confesso que gostaria de ter lido mais clássicos e pretendo.



2 – A narrativa de Reencontro trata de questões presentes no cotidiano de muitas pessoas ao longo de sua vida como crises familiares, a descoberta do amor, traição, a busca da felicidade e as desilusões que podem acometer todo ser humano. Estaria o romance Reencontro a dizer: o sentido da vida, sua justificação existencial estaria nas entrelinhas do cotidiano?



É um livro existencialista, como acho que tudo o que escrevo em certa porção. Um livro que, através do cotidiano, busca o que está mais profundo, o que está além do visível ou do previsível. Que aborda grandes questões da vida, como as que citaste, para narrar a história de um reencontro em vários sentidos. Reencontro é um livro que o tempo inteiro busca o sentido da vida e das coisas, narrando a história de uma personagem questionadora. E para essa busca a poesia, através de citações no livro, contribui. A poesia tenta compreender a vida, como a música. Eu procurei não afastar o existencialismo do cotidiano, do que todos nós vivemos.



3 – Seu romance recupera de certa forma uma narrativa convencional ou mesmo tradicional no plano da escrita, sem experimentalismos linguísticos ou temáticas intimistas. Comente esse aspecto de sua obra.



Sei que o que escrevo é de forma natural, de dentro para fora. Procuro não me ater muito a rótulos, mas posso dizer que minha narrativa está misturada à prosa poética e a fatos do cotidiano. Realmente procurei em Reencontro fugir da temática excessivamente intimista, fazendo uma obra repleta de fatos e de relacionamentos, sem, no entanto, excluir o sentimentalismo e a subjetividade. Acho que não consigo alçar a descrição de minha escrita, a não ser que é inocentemente pura.



4 – A escrita jovial, a constante referência a cultura pop e a personagem central do romance Reencontro, repleta de conflitos expressos em sentimentos contraditórios, marcam uma ficção que pode de certa forma estar ao alcance do público mais jovem. Essa dimensão de seu romance foi proposital?



Não foi proposital, o livro simplesmente nasceu. Mas, como trata de uma personagem jovem, cercada de personagens jovens, tende a atrair temáticas e referências joviais. Um romance jovial pode ser atemporal ou independer de idade para ser apreciado, como “O Apanhador no Campo de Centeio”, mas as temáticas tendem a ser semelhantes. Personagens conflitantes, como geralmente são os jovens, e cultura jovem. Mas Reencontro, penso eu, é um livro para todas as idades, para pais e filhos. É claro que, por causa das referências e das temáticas, o público jovem tende a gostar mais ou se identificar mais com o livro. A verdade é que não pensei em escrevê-lo só para jovens, ou até especialmente para eles. Procurei escrever a história de uma garota que busca se reencontrar e reencontrar o amor no qual um dia, quando tinha a necessária inocência de uma criança, acreditou.



5 – Como ocorreu a composição do romance Reencontro e qual a relação estrutural das epígrafes em cada capítulo?



Foi aos poucos que o livro foi sendo moldado. Revisei várias vezes, acrescentando coisas. Levei um ano e meio para escrever Reencontro. Havia uma primeira versão há anos atrás que perdi, mas mais incompleta. Posso dizer que a composição do livro foi muito íntima. As epígrafes procuram retratar os sentimentos da personagem em cada capítulo e suas vivências. São partes de poemas, livros ou letras de músicas que a personagem aprecia. Assim, misturei escritores e músicas clássicos ao cotidiano pop de uma garota atual.



6 – Até que ponto a ficção é biografia, e até que ponto a realidade é ficção em Reencontro?



Boa pergunta! De certa forma, nem eu posso dimensionar isso. Federico Fellini disse que “Toda arte é autobiográfica, a pérola é a autobiografia da ostra.” Acredito que o livro tem mais de mim do que eu possa supor. Não é uma autobiografia, Ana Luiza foi uma personagem criada, porém é inegável para mim que ela tem muito da minha essência, ainda mais por ter sido a primeira personagem de romance. Procurei tratar de temas comuns hoje em dia como drogas, alcoolismo, conflitos na família, área profissional, a busca do amor romântico em nosso mundo corrido que deixou um pouco o existencialismo de lado, e abordei também amizade, que é um tema muito bonito porque é uma forma pura de amor quando é verdadeira. Muitas pessoas me dizem: “A Ana Luiza tinha tudo para ser feliz”, mas o que procurei mostrar no livro foi que a felicidade não está no ter, mas no ser. O único “ter” que importa é “ter amor”. Podemos ter tudo, financeira e fisicamente, mas quando falta amor e há um passado de dor e um presente de solidão, não existe felicidade. A felicidade está em perdoar, em se perdoar e em acreditar nos próprios sonhos e no amor. É isso que Reencontro busca mostrar: que, apesar de todos os problemas, tudo vale a pena quando a gente ama, é amado e acredita. E que todo dia é dia de reencontrar, e finalmente poder amar.


quarta-feira, 8 de agosto de 2012

POEMA


(Edward Hopper)



LUGARES VAZIOS

Há lugares vazios em que habitamos
por escolha ou decisões alheias.
Lugares vazios onde não há flores
sejam de plástico ou verdadeiras.

Triste jardim de sementes malsãs
onde cultivamos equívocos
provisórios
ou definitivos.

O que nos faz humanos
em nossa perfeição vã.