quarta-feira, 2 de novembro de 2011

POEMA DE LORAND GASPAR EM TRADUÇÃO DE PABLO SIMPSON

(Arpád Szénes)






LORAND GASPAR nasceu em Târgu Mureş, na Transilvânia, em 1925. Deportado após a Segunda Guerra e refugiado na França, fez estudos de Medicina, vivendo posteriormente em Jerusalem e na Tunísia. Tradutor para o francês de Rainer Maria Rilke, Giórgos Seferis, D. H. Lawrence, dentre outros, publicou livros de poemas como Sol absolu (Gallimard, 1972), Corps corrosifs (Fata Morgana, 1978) e Patmos (Gallimard, 2001), que reúne outras publicações, dentre elas do livro Sefar, de 1983, cuja edição se acompanhou de águas-fortes de Arpád Szénes, pintor húngaro que, com a esposa portuguesa, a também pintora, Maria Helena Vieira da Silva, viveram no Brasil nos anos 1940. Da série Sefar, composta de sete poemas sem título, que Gaspard nos contextualiza, “um dos planaltos, no Saara Central, da civilização dita bovídea”, em breve introdução, dois foram traduzidos aqui.



SEFAR

O maciço do Sefar é um dos planaltos, no Saara Central, da civilização dita bovídea. Os caçadores-criadores-pastores que viviam nesses lugares – hoje desertos – cercados de paisagens verdejantes e de riachos são os autores das admiráveis pinturas rupestres do Tassili.


ocres suspensos na bruma
da manhã e o sol brilha
já sobre a lira dos chifres
faz veludosa a pele escura
das mulheres de seios pontudos —


um homem sorri às figuras
desabrochadas na ponta dos dedos —
de todo o mover de seu corpo
é ele a dança dos arqueiros
e seus olhos acariciam precisos
a linha estendida dos membros
ele sente a doçura de um focinho
seu hálito úmido no ombro
um pé revela no côncavo
as pétalas de um dia precoce —

Nenhum comentário:

Postar um comentário