domingo, 16 de janeiro de 2011

POEMA: SEGUNDA PARTE

(Pieter Bruegel)





AURORA JACENTE


II


Depois disso, Deus provou Abraão, e disse-lhe: “Abraão!”. “Eis-me aqui” – respondeu ele. Deus disse: “Toma teu filho, teu único filho a quem tanto amas, Isaac; e vai à terra de Moriá, onde tu o oferecerás em holocausto sobre um dos montes que eu te indicar”.

Gn 22, 1-2


Cicatrizes porosas, alarido obtuso, insigne. Na escadaria da catedral pedintes ingênitos sob a sórdida complacência de Moriá. Incandescente mar dos apátridas, vestígios incólumes, breviário das civilizações. É primavera e não há flores. Oh! Moloc! Vossa é a glória das desolações!


Segunda Estação


Porque vivemos nossas misérias como dádivas da ira.


“em tuas mãos,
os combalidos,
o desamparo das horas.
Vossa expectativa,
cálido leito da aurora.
As dilacerações da verdade,
o ofício de amar.
– Olhai e vede os lírios,
eles também apodrecem – ,
ao cruzarmos a ponte,
saberíamos do limiar de todo ensejo?
em tuas mãos,
os combalidos,
o desamparo das horas”


Assembléia dos desvalidos


Meditação sobre ruínas:

As dissidências do tempo.
Intermitente ânsia de sonhos.
Outrora luz, hoje esquecimento.




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