domingo, 23 de agosto de 2009

MAGRITTE


POEMAS BILÍNGUES

SCENE I

garbage bags
laid down on the ground
the dust of
lost steps
men walking
towards
no one aim


Tradução: Edna Gonçalves


CENA I

sacos de lixo
ao chão
o pó
de passos
perdidos
homens caminham
em nenhuma
direção



SCENE II

putrid
remains
food
displayed
to the time
to the men
alleys
and the water
of rain


Tradução: Edna Gonçalves


CENA II

restos
pútridos
alimentos
expostos
ao tempo
aos homens
vielas
e a água
da chuva


SCENE III

the red traffic
light
automobiles
cross
the harmless chant
of the sparrows
the solicitude
of those
that wait


Tradução: Edna Gonçalves


CENA III

o semáforo
fechado
automóveis
atravessando
o canto inócuo
de pardais
a solicitude
daqueles
que esperam


SCENE IV

buildings
set in a row
deserted
sidewalks
inhospitable presence
of the moon
the dogs bark
to the rats noise


Tradução: Edna Gonçalves


CENA IV

edifícios
enfileirados
calçadas
devolutas
presença inóspita
da lua
cães ladram
ante os ruídos
dos ratos



A BICICLETA

A bicicleta rosa
encostada entre
os vasos
de samambaia.

A menina sabe
da destreza
de seu gesto.

Equilíbrio
sobre dois
pedais.



THE BICYCLE

The leaning
pink bicycle
among the vases
of fern.

The girl knows
the dexterity
of her gesture.

Her balance
on two
pedals.



Tradução: Edna Gonçalves

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O FATO POÉTICO: POEMAS DESCRITIVOS


Algo


Sozinha a observar
pela janela
em busca de
explicações
em busca de
respostas

algo

que pudesse
justificar
não relutou
não consentiu
apenas deixou
que partisse





Encontro


mãos que se tocam
entre gestos
carícias
e saudações

olhares plenos
repletos
em um abraço
silente
fraterno




Convívio


gotas repentinas
anunciam a chuva
alegram o convívio
entre passos
rápidos
risos e frases
interruptas
pessoas atravessam
a rua




Brincadeira


Ao jogar a bola no chão,
não repetiu, com as mãos,
o mesmo gesto que fizera
para que a jogasse.

Apenas sorriu.





A bicicleta


A bicicleta rosa
encostada entre
os vasos
de samambaia.

A menina sabe
da destreza
de seu gesto.

Equilíbrio
sobre dois
pedais.





Admiração


de joelho no asfalto
amarra o cadarço

para em seguida
levantar e correr

em direção à mãe
que ao curvar-se

(olhando com admiração)

lhe beija a face




Primeiro olhar

Para o Murilo, meu filho.


As coisas que são vistas,
são vistas naquilo que são.
Nisso guardam o mistério
na dádiva do primeiro olhar.




Pombos


No banco da praça,
entre mulheres
e crianças,
o homem lê.
Presença enfática
dos pombos.





O homem


uma xícara
de café
e os dedos
entrelaçados
sobre a mesa
a garçonete sorri
austero o homem
agradece




O casal


no outro lado
da rua
mãos dadas
palavras íntimas
não confidenciais
o casal aguarda
para atravessar




Olhar


olhou
minuciosamente
as moedas
sobre a mão direita
depois correu
entusiasmado
entre os pedestres
que atravessavam
a avenida